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sábado, 12 de junho de 2010

Heróis Anônimos

No país do futebol, todos estão acostumados a ver o mundo da bola movimentando milhões dólares, com patrocínios, investimentos, compra e venda de jogadores. Mas afastados dos holofotes existe uma legião de atletas que lutam todos os dias apenas para continuar praticando suas modalidades. Sem patrocinadores e grandes investimentos como ficam estes desportistas?
Laila Kaori Kosaka, 22, graduanda em arquitetura e urbanismo, jogadora de Softball desde criança, tem no currículo inúmeras convocações para a Seleção e mesmo assim tem problemas para se manter no esporte. “O Softball nunca foi lá grandes coisas aqui no Brasil. As dificuldades já começam por aí. Aquisição de materiais, uniforme, refeições, viagens, tudo isso sempre serão questões para dificultar a vida de qualquer atleta”, declara.
Como todo o esporte, a rotina é bem puxada, com treinos exaustivos. "E sendo um esporte amador, chega uma hora em que é necessário decidir: estudos ou esporte. Eu estudava em período integral, tinha que sair mais cedo das aulas da tarde para ir para academia. Depois saia para o treino, que ia até altas horas da noite. Muitas meninas desistiram de continuar treinando, porque não agüentavam o ritmo puxado da rotina de treinos, trabalhos e faculdade.”, desabafa Laila.
Cláudia Kanashiro tem um currículo campeão, com vários títulos entre eles o do tetra campeonato paulista, além de três títulos brasileiros de caratê. Isso lhe garantiu vaga para o mundial da modalidade que ocorreu em outubro de 2009 na África do Sul. Ela ficou entre as 16 melhores do mundo. Mas como viajar para competições internacionais, quando não se tem patrocínio? “Quando há um campeonato, como o mundial que participei no ano passado, os gastos são muito elevados... Meu pai disse para eu ficar tranqüila, que eu iria de qualquer jeito, que ele iria conseguir dinheiro. Se fosse necessário ele venderia um carro”, afirma Claudia.
Enquanto os pais se desdobram para ajudar, as empresas não investem no esporte por diversos motivos. “A maioria das empresas pede para que se encaminhe os documentos para o departamento de marketing, ai eles enrolam e demoram para responder. Isso quando respondem”..., relata Cláudia.
O problema de patrocínio alcança até campeões reconhecidos mundialmente. No atletismo, por exemplo, muitos atletas não conseguem atingir o nível ideal em decorrência do pouco tempo que dispõem para se dedicar ao esporte. E isso não acontece só no atletismo, também no baseball, arco e flecha, tênis de mesa, rugby entre tantas outras modalidades esportivas. O Brasil perde seus talentos por não proporcionar condições de treinos aos seus atletas.
Carência, amadorismo e amor pelo esporte. Será este o futuro da maioria dos atletas do Brasil?